CAMPANHAS EDUCATIVAS E DE CONSCIENTIZAÇÃO

sexta-feira, 2 de maio de 2008 Karine Winter



Assistindo dias atrás a veiculação na televisão de uma campanha de conscientização sobre o excesso de velocidade e os acidentes de trânsito, fiquei me questionando: -Por que as campanhas educativas que veiculam na mídia e que têm como objetivo conscientizar as pessoas sobre a necessidade da redução da violência no trânsito, em geral, têm períodos tão curtos de duração? Acredito que campanhas educativas com curto período de duração inviabilizam o desenvolvimento de um trabalho sistemático e contínuo de conscientização em relação a um trânsito mais seguro. 

Sabe-se que as campanhas na mídia, não são as únicas ferramentas que temos para este tipo de trabalho. Porém, é inegável que se constituem num excelente recurso para que se possa atingir o objetivo de um trânsito mais humanizado e por conseqüência a redução das trágicas estatísticas de acidentes. Percebo a cada dia que é urgente e notória, a necessidade de um novo paradigma e de um novo olhar para a educação em nossa sociedade. Precisamos rever alguns conceitos. 

Falando especificamente de educação para o trânsito, passou-se por muitos anos, tentando educar nossas crianças para que fossem " futuros bons-motoristas". Ainda não se tinha muito claro, que por diversos fatores culturais, sociais e econômicos, muitas delas jamais viriam a ser condutores. Esqueceu-se sim, de que todas eram pedestres e agentes do trânsito e que conviviam e compartilhavam o espaço público do trânsito. Atualmente, mesmo que a passos lentos, a educação para o trânsito, está sendo direcionada para a construção de valores, para a formação de cidadãos mais éticos e conscientes de seus direitos e deveres, ou seja, para a formação de cidadãos mais preparados para o exercício pleno da cidadania e para o convívio em sociedade. Acredito que daqui para frente, estaremos colhendo frutos mais consistentes dessa nova visão de educação para o trânsito. 

Porém, se de um lado, temos a educação para o trânsito direcionada e voltada para a construção de uma postura ética e cidadã, de outro, percebemos que com o desenvolvimento da indústria automobilística os carros estão cada vez mais confortáveis, luxuosos e potentes, tornando-se para uma grande parcela da população brasileira a representação e a expressão do status e do poder. As montadoras apostam no constante aumento das vendas, através de propagandas que incitam a competição, a violência e a busca incessante de poder. 

Acredito que, da mesma forma com a qual a propaganda eleitoral é obrigatoriamente exibida em horário nobre na televisão brasileira, deveria haver um modo das montadoras e das indústrias automobilísticas serem obrigadas a exibir campanhas relacionadas à educação e segurança no trânsito, arcando com todos os recursos financeiros. Elas deveriam ser chamadas para o verdadeiro sentido da "responsabilidade social". Acredito que é necessária e se faz urgente a elaboração de uma política que contemple o verdadeiro e real sentido da "responsabilidade social", que muitas dessas indústrias afirmam exercer. 

Certamente se continuarmos buscando, iremos encontrar mecanismos, inclusive agregando formas de abordar sistematicamente o assunto nas escolas, empresas, entidades, igrejas, etc, É necessário levar a educação e a conscientização onde o povo está, porque há muito, infelizmente, os valores de cidadania e respeito foram deixados de lado em nosso país. Com isso, todos nós hoje, somos perdedores. Um exemplo claro disso é o condutor contumaz, que com certeza é aquele que vem de uma geração onde se falava muito no tal do “jeitinho brasileiro”, onde se queria levar vantagem em tudo. PENSE NISSO!


Autoria de: Karine Winter