A DIFERENÇA ENTRE INFORMAR E EDUCAR PARA O TRÂNSITO

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017 Karine Winter




(...) Nós educadores devemos apenas tomar cuidado com a confusão entre “Educar” e “Informar”. Levar ao conhecimento dos alunos somente as leis e regras de trânsito não é suficiente, pois sabemos que as causas de acidentes não são, em sua maioria, a ignorância da legislação e sim a imprudência tanto de motoristas quanto de pedestres.
Devemos compreender desde pequenos que a vida é nosso bem maior e para isso a Educação de Trânsito, não pode ser vista apenas como mais uma disciplina, ela precisa ser sentida, fazer parte do cotidiano da escola. Considerando-se que a criança incorpora conceitos tendo como modelo o adulto, é muito importante que os pais e educadores adotem comportamentos seguros dentro e fora de casa para que sirvam de exemplos para as crianças.¹

Inconcebível que depois de tantos anos fazendo Educação Para o Trânsito em nosso país - uns ainda façam apenas ações pontuais durante o Maio Amarelo ou na Semana Nacional de Trânsito - gestores, educadores e especialistas na sua grande maioria ainda apenas informam para o trânsito.
O trânsito é dinâmico e é composto por diversos atores - pedestre,  ciclista, condutor, passageiro, caroneiro -  todos precisando "ser educados no trânsito". Informar ainda é muito restrito para as mudanças que precisamos  ver no quadro de estatísticas e tragédias do trânsito. Tudo sempre abordado de forma superficial e teórica. 

Que tal nos preocuparmos com uma aprendizagem significativa no trânsito?
Que tal sensibilizarmos as pessoas para que sejam "tocadas" e, à partir disso, mudem significativamente seus comportamentos? Que tal relacionarmos os conhecimentos empíricos aos conhecimentos científicos, para produzirmos as reais mudanças que necessitamos?

Me parece que ainda estamos mergulhados na Teoria Behaviorista, na qual  Watson nos diz que o homem é um organismo que responde à estímulos exteriores e  de forma mais ou menos automática à eles. Watson  entende que a aprendizagem é uma forma de condicionamento. Afinal,  respeitamos - e quando respeitamos - as regras e normas para não sermos punidos no trânsito. 

Reproduzir os conteúdos abordados durante o processo de habilitação de condutores nas escolas para alunos do Ensino Fundamental, é  como abordar
os tópicos de Direito trabalhista ao invés de trabalhar os fundamentos, os direitos e os deveres dos trabalhadores, para um público leigo.

Será que crianças e adolescentes precisam saber os conteúdos de legislação de trânsito? E pior, para cobrar dos pais ou “lembrá-los” que precisam cumprir as regras e as leis? Infelizmente entramos aqui, no universo da inversão de valores, onde filhos educam os pais.

O que temos abordado quando tratamos de Educação Para o Trânsito?

Mais do que abordar a segurança no trânsito, precisamos abordar também as questões pertinentes à cidadania, à construção de valores e à posturas éticas perante a vida e na convivência nos espaços públicos.

Que sociedade queremos? Estamos informando ou educando para o trânsito?