CAMPANHAS EDUCATIVAS

quinta-feira, 5 de setembro de 2013 Karine Winter



Me questiono sempre quando chegamos no mês de setembro e me deparo com órgãos, entidades, CFCs - Centro de Formação de Condutores – escolas, DETRANs – Departamentos Estaduais de Trânsito, entre outros, na correria e até numa certa competição, para divulgarem campanhas, promoverem palestras e ações educativas voltadas a Semana Nacional do Trânsito, que ocorre anualmente de 18 a 25 de setembro. Será que só lembramos do temas pertinentes ao trânsito e da sua urgente abordagem nesta época do ano? Passada essa semana, tenho a impressão que muitos acreditam que não precisamos mais levar o tema e suas perspectivas à mídia e à sociedade, para discutirmos os acidentes, suas causas e consequências, o controle emocional no trânsito ou a falta dele, as diversas formas de circulação e a mobilidade urbana, as responsabilidades e os deveres de cada um no trânsito seja enquanto pedestre, ciclista, condutor, passageiro, motociclista, motorista profissional, etc.

Campanhas educativas com curto período de duração inviabilizam o desenvolvimento de um trabalho sistemático e contínuo de conscientização em relação a um trânsito mais seguro. Sabe-se que as campanhas na mídia, não são as únicas ferramentas que temos para este tipo de trabalho. Porém, é inegável que se constituem num excelente recurso para que se possa atingir o objetivo de um trânsito mais humanizado e por consequência a redução das trágicas estatísticas de acidentes. Percebo a cada dia que é urgente e notória, a necessidade de um novo paradigma e de um novo olhar para a educação em nossa sociedade. Precisamos rever alguns conceitos. Falando especificamente de educação para o trânsito, muitos educadores ainda tentam educar nossas crianças para que sejam " futuros bons-motoristas".  Muitos ainda não tem claro que, por diversos fatores culturais, sociais e econômicos, muitas delas jamais virão a ser condutores. Esquecemos sim, de que todas são pedestres e agentes do trânsito e que convivem  e compartilham o espaço público do trânsito.

Necessitamos de uma educação para o trânsito sistemática e contínua, direcionada para a construção de valores, para a formação de cidadãos mais éticos e conscientes. Uma educação para o trânsito voltada para a sensibilização  das pessoas. Não através da terapia de choque, mas uma educação que esteja voltada para o emocional, para a auto reflexão, para que cada um saiba ligar seu “GPS interno” - que saiba programar-se com antecedência para circular, buscando sempre caminhos alternativos que evitem os locais de maior movimento, auxiliando na redução dos gargalos do fluxo de trânsito – para que cada um, possa  absorver qual é o seu verdadeiro papel na sociedade. O papel de colaborar para  o coletivo e não para o individual, o de colaborar para a humanização. 


Precisamos de mecanismos que agreguem às formas de abordar sistematicamente o assunto nas escolas, empresas, entidades, igrejas, etc, É necessário  promover a educação  pautada em valores, oportunizando a formação de cidadãos conscientes de seus direitos e sobretudo de seus deveres, ou seja, mais preparados para o exercício pleno da cidadania e para o convívio em sociedade. 

A educação para o trânsito não pode mais ser vista  apenas como  o repasse de regras, normas e leis  de  trânsito. Precisa ser entendida como um mecanismo muito favorável para a melhoria da convivência,  da humanização e da qualidade de vida das pessoas. 

Não precisamos de mais números no trânsito, precisamos salvar vidas.




Autoria: Karine Winter
Imagem: paradapelavida