QUEM TEM MEDO DE DIRIGIR?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010 Karine Winter


O medo é uma emoção natural do ser humano, seja homem ou mulher, cada qual com sua história. A educação rígida transmitida ao homem reflete nas suas atitudes diante do veículo, ou seja, os homens tendem a agir de forma mais bruta ao volante. Alguns deles, por serem mais sensíveis, não aceitam a agressividade do trânsito, e por isso se afastam deste ambiente, fator que lhes causa grande sofrimento. A mulher transformou-se nos últimos tempos. Aquela que fora criada para antes cuidar da casa, dos filhos, do marido, hoje é mãe, esposa, profissional e condutora, tendo que lidar com tarefa que antes era somente atribuída aos homens. 

De acordo com os estudos feitos pelo Programa Dirigir Sem Medo!, o público feminino é o mais atingido, alcançando um percentual de 95% dos casos. Constatou-se também que o medo de dirigir existe em todas as classes socioculturais, pois atinge vários segmentos da sociedade, tais como: funcionários da rede pública e privada, autônomos, profissionais liberais, aposentados, estudantes e donas de casa, independente no nível de escolaridade. A faixa etária dos condutores varia entre 21 e 60 anos, sendo que a maior parte possui veículo próprio. 

Tais condutores possuem alguns traços de personalidade em comum: são sensíveis, organizados, detalhistas, competentes, inteligentes, responsáveis e muito determinados. Preocupam-se excessivamente com algumas situações no trânsito que para outros condutores, muitas vezes, passa despercebido. Por exemplo, quando não conseguem estacionar em um local muito movimentado, já lhes vem à mente que todos ao seu redor estão lhe observando e criticando. 

A ideia da crítica ou julgamento a seu respeito cria uma baixa-estima, gerando um sentimento de incapacidade. Estão constantemente atentos às buzinas, sempre achando que estão fazendo algo reprovável. Estas situações ilustram uma característica identificadora das pessoas propensas a desenvolver o medo de dirigir, que é a preocupação desmedida com o julgamento alheio. Perfeccionistas que são, não pode haver falhas. A sinalização, para tais condutores, é fundamental. Por exemplo, ao visualizar uma placa cuja velocidade máxima permitida é de 80 km/h e ele não está na velocidade exata, sente-se totalmente errado, e se cobra por isso. Ao se deparar com uma ultrapassagem em faixa contínua, questiona o porquê daquele ato irresponsável do outro condutor, fazendo críticas.

Costuma exigir de si e dos outros uma conduta sempre correta, não admitindo atos de desrespeito à vida. Quando estão à frente do volante, são excelentes condutores, sempre atentos e preocupados em seguir corretamente as normas gerais de circulação e conduta como, por exemplo, verificar a velocidade correta da via, ter atenção nas faixas de pedestres, sinalizar paradas, ou troca de pista de rolamento. Ao perceber a presença de outro veículo, visto pelo retrovisor interno, sente-se pressionado, pois pensa estar atrapalhando o condutor de trás, mesmo sabendo que está com a velocidade correta da via, e sob a pressão gerada pelo medo acaba perdendo o controle dos comandos do veículo. Ser o primeiro da fila quando da abertura do semáforo é, sem dúvida, um dos pontos críticos para o condutor fóbico, ele fica apreensivo com a possibilidade de obstruir a via por não conseguir controlar o carro no momento da arrancada. A necessidade de ter controle absoluto de situações é uma característica comum entre esses condutores e a dificuldade mais freqüente que enfrentam é achar que o veículo é que domina. Obsessivos com o desempenho profissional procuram estar sempre à frente para obter bons resultados na área em que atuam, porém, quando se comenta em controlar um veículo não se sentem capazes e muitas vezes procuram fugir, pois não querem se comprometer e gerar situações que não terão o controle absoluto.

Ao transitar sobre uma ponte o condutor, tem a sensação de que não conseguirá chegar até o fim. Ao visualizar um ônibus do seu lado, reage de duas formas, ou aumenta ou diminui a velocidade para fugir da situação que em sua mente é um problema. Quando o condutor avista uma bicicleta, um catador de lixo, ou mesmo um pedestre andando no lado da pista de rolamento, a primeira coisa que vem na mente são os seguintes questionamentos: “O que devo fazer?”; ”como fazer?”; “vou acabar batendo nele”. A conseqüência é a perda do controle dos comandos do veículo. Algumas pessoas poderão dizer que é falta de prática, mas para uma pessoa com medo isso é um obstáculo para realização de uma ultrapassagem. Nota-se que o condutor está, acima de tudo, preocupado em respeitar as normas de circulação de trânsito, porém, com a necessidade de ser perfeccionista acaba por trazer a si mesmo uma baixa-estima que o leva a uma qualidade de vida com deficiências e frustrações. O importante é reconhecer este medo, e procurar resolver esta questão, pois todos são capazes de conduzir um veiculo com habilidade e responsabilidade. Você Consegue! Acredite!

 
Autora: Ivana Maria De Souza – Graduada Em Administração E Segurança De Trânsito, Especialista Em Meio Ambiente E Gestão De Trânsito, Instrutora De Trânsito E Especialista No Trabalho Com Pessoas Que Tem Medo De Dirigir  http://www.dirigirsemmedo.com.br/