sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Karine Winter
Oi! Eu sou o trânsito. Preciso me expor, mas não sei se consigo
me expor mais do que já sou exposto.
Exposto pelas ruas, aclives, e declives.
Exposto pelas curvas, calçadas e logradouros.
Exposto pelos cruzamentos, confluências e retornos.
Exposto pelos veículos terrestres ou aéreos.
Exposto pelos animas. Sejam eles, racionais ou irracionais.
Oi! Eu sou o trânsito. Preciso me expor.
Não sei se consigo me expor mais do que já sou exposto.
Queria ter a minha própria vontade.
Queria poder, não só ligar o mundo, mas ligar a boa
vontade do mundo e de todo mundo.
Queria estar em todo o lugar como faço, mas sem medo.
Queria ser cego, pra deixar de ver tantas tragédias.
Queria ter o poder de decidir pelos movimentos dos outros
pelo simples fato de eu saber, para onde levam todos os
caminhos.
Queria poder retornar no tempo, para modificar apenas
alguns segundos que se passaram.
E... Que fazem uma diferença eterna.
Queria poder alargar a visão de alguns e estreitar o
espaço de outros.
Queria poder criar pontes em lugares onde não tenho acesso.
Como no interior do homem por exemplo. Para que alí exista
uma mobilidade maior de tolerância e de respeito.
Queria poder consolar a inconsolável dor da morte.
Morte essa, que está tão presente em mim.
Oi! Eu sou o trânsito. Preciso me expor.
Mas não sei se consigo me expor mais do que já sou exposto.
Me expor á vida e não a morte.
Me expor ao reencontro da saudade e não ao encontro da
separação...
Me expor a alegria de ser a paisagem mais bonita da vida e,
não a tristeza de ser o cenário sanguinário de tragédias
constantes.
Me expor á liberdade de ir e vir, sem ter preconceito e com
muito respeito.
Me expor a todos num relacionamento amigo. Já que nunca
os abandono.
Me expor pra ser exposto, pensado, lembrado, relembrado
e compreendido.
Oi! Eu sou o trânsito. Preciso me expor a você.
Lembrá-lo que eu evoluo e que neste caminho,
você precisa evoluir e transitar junto comigo.
