MITOS E MANIAS DAS ESTRADAS

quinta-feira, 23 de junho de 2011 Karine Winter

Os contatos diários com dezenas de caminhoneiros durante as inspeções revelam diversos mitos e manias, que essa classe tão importante e responsável pela movimentação de mais de 60% da produção nacional, acabou arrastando durante anos e anos de estrada.
Alguns, velhos conhecidos de todos, pouco influenciam na segurança. Mas outros, mais enrustidos, podem por em risco o transporte. Assim, apresentamos abaixo uma lista das práticas e lendas mais ouvidas nas estradas. Dos mais conhecidos e de baixo risco:

1 - Repicar o acelerador nas trocas de marcha: Para os veículos atuais, aquela “aceleradinha” não serve para nada. Só para aumentar o consumo de diesel.
2 - Acionar a embreagem duas vezes por troca de marcha: Idem. Só serve para aumentar o desgaste do conjunto.
3 - Acelerar antes de desligar o motor. Idem. E pode causar danos na turbina, por falta de lubrificação.
4 - Colocar carpete nos pedais para dirigir descalço. Pode escorregar o pé durante o acionamento.
5 - Colocar extintor trancado na caixa de ferramentas da carroceria. Dificulta o acesso em caso de incêndio.
6 - Isolar maçaneta da porta do carona para evitar ladrão; Mas dificulta a ação do bombeiro em caso de socorro pelo lado direito do veículo.
Aos mais enrustidos:
7 - “Um ou dois parafusos de roda faltando não faz diferença. Tem um monte mesmo”. Não é verdade. Todos os parafusos e porcas de rodas são necessários. Se pudesse andar com menos a fábrica já largaria com menos!
8 - Remover os amortecedores e barra estabilizadora porque “caminhão não precisa”. Idem. Se pudesse andar sem, a fábrica já largaria sem esses componentes!
9 - Parar o caminhão vazio apenas com a marcha engatada, sem puxar o estacionário (“tá leve, não precisa”); Não é verdade. Precisa acionar o freio de estacionamento sim.
10 - Travar o cinto de segurança esticado e deixá-lo por trás das costas. Ao passar pelos guardas só puxa ele por cima da cabeça e coloca na posição. Depois que passou volta para trás das costas ("para caminhão não se usa o cinto"); Obviamente que para dirigir caminhão também precisa do cinto.
11 - Soldar a barra curta de direção para poder trocar os pivôs sem trocar a barra. "A solda foi bem feitinha”.“ Ando a 5 anos assim e nunca quebrou”. Também não se deve fazer.
12 - Colocar películas do pára-brisa além da faixa degrade atrapalhando a visão e adesivos grandes de Santos e “Santas” no meio do pára-brisa; Reduz o campo de visão do motorista e não deve ser instalado.
13 - Afastar as lonas de freio do eixo dianteiro porque “é perigoso”. “Dá L”. Não é verdade. O “L” ou efeito canivete é provocado pelo travamento do eixo traseiro do cavalo-mecânico. Eliminar o freio no eixo dianteiro põe em risco o conjunto e aumenta a possibilidade do “L”.
14 - Pino-rei e “gavião” da 5ª-roda: “gastou – enche de solda”.  Esses componentes são feitos em aço especial e não podem ser preenchidos por solda. Gastou, tem que colocar um novo.

15 - “Em dia de chuva, suspendo o 3º-eixo porque fica mais seguro”.  Não é verdade. Dois eixos carregados no piso transmitem mais força lateral do que um eixo sobre-carregado. Portanto, é mais seguro, para não perder o controle, manter os eixos carregados no chão.
16 - “Tem um monte de eixo. Se isolar uma ou duas cuícas de freio não faz diferença”. Faz muita diferença. Uma cuíca isolada pode ser o suficiente para um conjunto carregado perder sua capacidade de frenagem e provocar uma tragédia. A última carreta que se têm notícias com “alguns” freios isolados matou 16 e feriu 55 na BR-282 em Santa Catarina!

FONTE: Newsletter n°.8 da Transtech (Edição de 13-11-2007)